Charles George (1825-1889)

Charles George nasceu em Inglaterra em 1825 na época do vapor, em plena Revolução Industrial. Dedicou toda a sua vida à nova energia e, em especial à construção naval.

Filho de pai inglês, igualmente chamado Charles, casou com Emma Bulmer Bonsall (1828-1896) no dia 13 de Fevereiro de 1848 na Parish Church of Kennington (Surrey). Viveu em Northfleet (Kent) onde já trabalhava como boilermaker nos estaleiros locais.

Seguramente que a escassez de especialistas portugueses em energia a vapor terá atraído Charles a mudar-se para Lisboa. Concorre ao Arsenal Real da Marinha que prossegue a tradição da construção e reparação de barcos na Ribeira das Naus a Poente do Terreiro do Paço.

Apesar de interessantes propostas que recebeu de grandes armadores ingleses, Charles George prefere o serviço público. A folha do Livro de Matrícula do Arsenal atesta essa dedicação como Mestre.

Muitas vezes, o neto de Charles George (o médico Carlos Henrique George) ao passar ao Cais do Sodré junto da filial da principal companhia de marinha mercante ali estabelecida dizia ao Autor (seu filho e, portanto, bisneto de Charles) que poderia ter tido outro rumo na sua vida se seu Avô tem aceite aquelas propostas. Logo depois, com fins meramente educativos, alinhava uma série de princípios sobre humildade, austeridade, simplicidade, trabalho e rendimentos familiares, entre outras questões que de imediato desenvolvia com visível emoção citando o exemplo de seu Pai e Avô.

A vida, quer em Inglaterra quer em Portugal, do casal Charles e Emma terá sido feliz e tranquila. Tiveram catorze: Elizabeth, Charles, Maria, John, Thomas, Emma, Helen, Edmond, Alfred, Henry, Wiliam, Frederick, Marta e Albert (avô do autor). Uns em Kent e outros em Lisboa. Inseriram-se no modo de viver em Lisboa e, naturalmente, perceberam e integraram-se na Cultura Portuguesa. Em homenagem ao Infante dos Descobrimentos o segundo nome de filhos, netos e bisnetos passou a ser Henrique…

Charles e Emma, por outro lado, também procuraram estreitar laços com a comunidade e com as instituições inglesas, nomeadamente com a Igreja Anglicana e em particular com o Cemitério Inglês à Estrela que fora criado no tempo da Restauração para receber cidadãos britânicos não católicos.
Charles e Emma eram, assumidamente, cidadãos ingleses, mas sabiam da inevitabilidade das futuras gerações mudarem de estatuto. Seus filhos eram, ainda, reconhecidos como ingleses, mas seus netos viriam a adoptar com orgulho a nacionalidade Portuguesa. Foram eles que iniciaram a “dinastia” em Portugal, estão em campa rasa no plot da Família George no British Cemetery em Lisboa. Juntaram-se, mais tarde, os filhos Henry (1902), Albert (1940) e Helen (1945) e descendentes de gerações seguintes.

Março de 2013
Francisco George

Matrícula de Charles George no Arsenal da Marinha

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