Emma Bulmer Bonsall George (1828-1896)

Em Inglaterra, o Século XIX é marcado pela emergência das novas máquinas a vapor que assinalam o início da Revolução Industrial. A prosperidade era indiscutível. Vitória reinava. Era a época marcada pela viagem do Beagle de Charles Darwin (1831), mas também pelo crescimento das altas chaminés alongadas nas povoações antes rurais e pelo início dos movimentos operários, mas, igualmente, pelas descrições implacáveis e certeiras de Charles Dickens.

Emma Bulmer Bonsall, filha de Richard Bonsall e de Maria Bulmer, nasce em Southwark no dia 3 de Fevereiro de 1828. Residia em Northfleet, Kent, no sudeste de Inglaterra, perto de Gravesend, junto ao Tamisa quando corre para o Mar do Norte, já próximo do estuário. Na altura, as docas de Nortfleet, criadas em 1800, tinham notável produção de construção naval. Em 1815 o primeiro barco a vapor começa a assegurar ligações regulares com Londres. Northfleet cresce. Movimenta-se, mas os estaleiros entram em declínio a partir de 1843.

Emma casa, em 13 de fevereiro de 1848, com Charles George (1825-1889). Charles tem 21 anos de idade. Vive a Inglaterra da transição do Campo para a Indústria. Dedicara-se à nova energia do vapor, especialmente associada à construção naval.

Nascem catorze filhos: Elizabeth, Charles, Maria, John, Thomas, Emma, Helen, Edmond, Alfred, Henry, Wiliam, Frederick, Marta e Albert (avô do autor).

Portugal está confrontado com a necessidade de recuperar atrasos. António Maria Fontes Pereira de Melo no Governo do Reino dos Braganças lança as bases para impulsionar o desenvolvimento do País. A ruralidade e analfabetismo constituem grandes bloqueios.

Em Portugal, é tempo das linhas férreas, mas também de epidemias de cólera e febre amarela, da abolição da pena de morte (1867) e da extinção definitiva da escravatura (1868), das Conferências do Casino (1871), das expedições de Capelo e Ivens (1877), da colonização e do mapa cor-de-rosa e, também, da emigração. As letras são de Herculano, Almeida Garret, Eça, Antero, Oliveira Martins, Teófilo Braga e de Camilo.

A falta de especialistas na nova energia do vapor trouxe a família Emma e Charles George para Lisboa. Com eles viajam, naturalmente, os filhos.
Charles trabalha no Arsenal Real da Marinha que herdara a tradição dos antigos estaleiros da Ribeira das Naus em Lisboa, a Poente do Terreiro do Paço. O Arsenal assegura a manutenção e reparação de navios. É master dos boilermakers. Dedica-se ao serviço público. Recusa propostas e desafios formulados por grandes armadores privados. Coopera com Portugal. As filhas e filhos geram novas famílias com portuguesas e portugueses.

Pouco se sabe sobre o seu filho mais velho, também chamado Charles. Henry Frederick morre, em Lisboa, em 1902, aos 37 anos de idade.

Elizabeth casa com Augusto Potier. Constituíram as Famílias Rato Potier, Potier Poppe e Alarcão Potier. John casa com Vitória de Avelar. Continuam os John. A filha Magdalena casa com Ruy Osório de Barros. Albert casa com Joaquina de Almeida e têm seis filhos.

Emma morre, em Lisboa, aos 68 anos, a 22 de Março de 1896, junta-se a Charles no Cemitério Inglês à Estrela no PLOT que depois receberia três dos seus filhos: Henry (1902), Albert (1940) e Helen (1945) e muitos dos seus descendentes.

A dinastia que Emma e Charles iniciaram em Portugal continua imparável. São muitos os bisnetos que vivem, actualmente, uns em Portugal e outros em Inglaterra, tal como os seus fantásticos trinetos e tetranetos. Avizinham-se, seguramente, pentanetos.

A tela a óleo, bem ao estilo Inglês, com a tradicional moldura a ouro, comprova a grande beleza de Emma. Exibe a excelência da imensa perfeição das suas feições, tão bem retratadas pelo pintor.

Francisco George
Verão, 2012

Certidão de Casamento de Emma George e Charles George

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