Transparência Absoluta

Publicado no sítio da Cruz Vermelha Portuguesa, 2 de janeiro de 2020

A propagação de notícias falsas que deturpam a realidade é um fenómeno cada vez mais frequente que atinge múltiplas dimensões, incluindo assuntos de Estado referentes a todos os órgãos de soberania: Presidente da República, Parlamento, Governo e Tribunais.

O acesso massivo à internet, muitas vezes por pessoas sem consciência cívica, e a utilização abusiva de redes sociais, mesmo através de telefones móveis, estão na origem de problemas geradores de falsidades preconcebidas e depois construídas. Naturalmente, a responsabilidade terá que ser atribuída a quem fabrica e divulga deturpações, quer de forma consciente quer inconscientemente. Mas, reconheça-se que numa e noutra situação a impunidade é quase regra geral. Justiça quase sempre ausente.

Ainda mais difícil é compreender o envolvimento de certos jornalistas nesses casos com recurso a informações sem credibilidade, como tem acontecido.
Ora, a transparência absoluta constitui a melhor resposta para repor a verdade. Um instrumento eficaz que pode prevenir e repor objectivamente os factos. A experiência da CVP é vasta nesta área.

Precise-se.
Em determinado dia de 2019 surge no ecrã da televisão um locutor mal informado que afirmou que a Cruz Vermelha Portuguesa não tinha disponível no seu site nem os orçamentos nem os relatórios de contas dos exercícios dos anos anteriores. Então, com ar de grande justiceiro “imaculado” anunciou ao microfone, durante o serviço noticioso da tarde, que nesse mesmo dia, à noite, o Presidente da Instituição teria que explicar a situação… Esse dia, à noite, nunca aconteceu porque, entretanto, alguém terá dito ao mesmo Locutor que esses documentos estavam no site e que para aceder bastaria navegar na página da transparência…O site viria a desmentir o teor do discurso da tarde e fez recuar o Propagandista “Justiceiro”.

Vem este episódio certificar a importância de destinar uma área exclusivamente dedicada à transparência nos sites dos organismos, designadamente dos que se ocupam de missões de carácter humanitário.

É fundamental que assim suceda porque em iniciativas que implicam doações quem dá deve saber do destino do donativo e, por outro lado, quem recebe deve prestar contas daquilo que recebeu.

Neste processo da cultura da transparência é muito, mesmo muito importante, nada omitir. Tudo, mesmo tudo, deve estar disponível para consulta.

Foi este o princípio observado na construção do menu da PÁGINA DA TRANSPARÊNCIA do site da Cruz Vermelha Portuguesa.

Repare-se nos conteúdos:

1. Apelos e Respostas a Emergências, nomeadamente com a discriminação das rubricas seguintes: angariação de fundos; fundos recebidos; bens em espécie recebidos; total de fundos aplicados; destino dos fundos aplicados; extratos bancários com atualização mensal; despesas; quadro da despesa total por fases e rúbricas; cópias de Protocolos; fotografias; pontos de situação de cada iniciativa; resumos infográficos de cada Operação.

2. Presidente da Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa: nomeação; descrição do tipo de vínculo, remuneração e data da nomeação.

3. Relatórios & Contas (últimos 4 anos): Relatório Anual; Relatório e Parecer do Conselho Fiscal; Relatório e Parecer do Conselho Fiscal Contas Consolidadas; Certificação Legal das Contas; Certificação Legal das Contas Consolidadas.

4. Operações Imobiliárias com indicação dos escritórios de advogados ou solicitadores envolvidos e cópias dos contratos com indicação de montantes.

5. Donativos em geral.

6. Cópias de protocolos diversos assinados com entidades terceiras.

7. Projetos financiados: projectos em curso e projectos terminados.

Francisco George