Lições pela sua Saúde (II)

Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 21 dezembro 2022

No âmbito das lições de Fernando de Pádua já aqui se descreveram alguns dos seus ensinamentos que visam prolongar a vida de todas as pessoas. O primeiro tema abordado foi sobre o fumo do tabaco e o segundo referiu-se à hipertensão arterial, incluindo a célebre lengalenga de metade da população não sentir que tem a sua própria tensão demasiado alta a precisar de ser tratada…

Agora, outros assuntos que Pádua também transmitiu ao longo da sua vida de professor são, a seguir, narrados resumidamente, em especial os que dizem respeito a alguns tópicos sobre a alimentação, a promoção do exercício físico e a exposição ao STRESS.

1. Antes de tudo há que distinguir a alimentação da nutrição. São conceitos diferentes, se bem que relacionados entre si, uma vez que estão separados pela absorção que ocorre no tubo digestivo, depois dos alimentos terem sido ingeridos.

A alimentação estende-se do prado ao prato, como gostam de salientar os nutricionistas. Repare-se, como exemplo, que as sementes das batatas cultivadas na horta, depois de serem cozidas, assadas ou fritas, são temperadas para terem bom sabor durante a mastigação.

Já a nutrição refere-se aos fenómenos bioquímicos que acontecem depois dos alimentos terem sido absorvidos pela barreira intestinal. Então, as batatas transformam-se em hidratos de carbono (como o amido) que circulam no sangue como açucares que fornecem energia ao corpo. O mesmo se passa com o trigo. A moagem do cereal, seguida pelo processo de panificação e comercialização, colocam o pão à mesa, como alimento para, depois de ingerido, ser absorvido e transformado igualmente, em açucares no sangue circulante. Passam a ser nutrientes e não alimentos.

Ora, os teores de sal, tanto das batatas como do pão, não podem ser excessivos, visto que estão na origem de hipertensão arterial que, quando existe, provoca problemas cardíacos e encurta, pela certa, o tempo de vida saudável.

2. Também a luta contra o sedentarismo deve ser incessante. Tem que ter início logo que a criança comece a dar os primeiros passos. O melhor presente de Natal para oferecer é um triciclo ou um carrinho de pedal.

Ir ao parque infantil é importante. Correr e brincar nos escorregas são atividades aconselháveis. Mesmo insubstituíveis.

Mas, a promoção do exercício físico deve ser uma preocupação constante em todas as fases do ciclo de vida, sobretudo depois das refeições. A ginástica e o hábito de andar a pé ou de dançar são indispensáveis para combater o sedentarismo, mesmo em idades avançadas.

3. É preciso falar no STRESS e, sobretudo, tudo fazer para o prevenir porque, comprovadamente, provoca a libertação de adrenalina que, por sua vez, tem efeitos indesejáveis, incluindo a nível do funcionamento do coração.

Por isso, a todo o custo, a vida quotidiana deve ser, o mais possível, tranquila em casa, no trabalho ou na rua. Procurar tudo fazer com serenidade, nomeadamente sem andar atrasado atrás dos ponteiros do relógio, não tomar refeições à pressa ou, durante a condução do automóvel, evitar as “horas de ponta” e as longas filas de trânsito ou, ainda, ficar parado impaciente nos semáforos a fazer contas aos minutos!

Moral da história:

Eis duas receitas que os médicos gostam de resumir sobre estilos de vida saudáveis:

1. Menos prato e mais sapato!

2. Não ver futebol na TV sentado no maple depois de um bom jantar!

Francisco George
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