O Dia 5 de Maio

Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 10 maio 2023

Na dimensão da Saúde Pública, o dia 5 de Maio adquiriu indiscutível simbolismo sobretudo a nível global, mas também nacional.

Antes de tudo, foi o dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o fim da emergência sanitária relacionada com a Pandemia covid-19 que tinha sido declarada em 11 de Março de 2020. Estima-se que a nova doença provocou a morte a mais de 7 milhões de pessoas em todo o mundo, dos quais quase 27 mil em Portugal. Há, no entanto, cálculos bem superiores para o cômputo geral, visto que nem todos os países notificaram os dados de mortalidade à OMS com igual rigor. Aliás, no especto da transparência da comunicação Portugal é um exemplo de qualidade indiscutível.

Como se sabe, foi no final de 2019 que surgiu um vírus que até então não tinha provocado infeção em seres humanos. Por esta razão, ninguém estava protegido com anticorpos, motivo pelo qual a nova infeção encontrou grande facilidade de propagação. Se é certo que os primeiros casos ocorreram na cidade de Wuhan na região central da China, também se adivinhava que, em pouco tempo, a propagação da infeção saltaria as muralhas chinesas. Assim aconteceu.

Em Portugal, desde o começo e até agora, foram diagnosticados, comprovadamente, 5 milhões e seis centos mil doentes (mais de metade da população residente, portanto). A oportuna intervenção de médicos, enfermeiros e pessoal das unidades de saúde pública e da rede hospitalar não só conseguiu interromper muitas cadeias de transmissão, como também obteve excelentes resultados na terapêutica logo instituída. Para tal, além da dedicação sem limites da maioria do pessoal de saúde, as novas vacinas e testes de diagnóstico, bem como os modernos equipamentos em cuidados hospitalares, em particular das unidades de cuidados intensivos, foram decisivos.

No conjunto, olhando para trás, há que constatar a competência das respostas dadas pelo Serviço Nacional de Saúde e pela sua liderança.

Curiosamente, mas por mero acaso, no mesmo dia 5 de maio, Graça Freitas estava de partida para férias que não tinha ainda tido oportunidade de gozar. Como sempre se faz nestas ocasiões, arrumou o gabinete e preparou a ausência temporária prevista para esses dias de descanso. Aliás, muitíssimo justos. Todavia, antes de terminar o dia 5 de Maio, convidou família e amigos de Catarina Sena para participarem na cerimónia da inauguração da Sala que passou a ter o nome da antiga subdiretora-geral que um cancro levara prematuramente antes de completar 50 anos de idade. Catarina era administradora hospitalar. Tinha uma enorme força. Uma entrega absoluta ao interesse coletivo. Um exemplo de funcionária e dirigente da Administração Pública pela sua alta mestria. Reconhecida, unanimemente, como muito responsável. Era um símbolo de integridade. Sublime.

Moral:

O 5 de Maio de 2023, ao assinalar o fim da Pandemia, representa para todos os países do mundo um marco de imenso significado. Uma vitória.

É preciso reconhecer que a qualidade dos cuidados prestados pelos serviços públicos, quer para prevenção e controlo da atividade epidémica, quer destinados ao tratamento de doentes, foi excelente. Magnífica.

É preciso reconhecer, igualmente, os avanços conseguidos pela Indústria Farmacêutica, traduzidos em novas vacinas e medicamentos e, também, pelos testes inovadores de confirmação rápida do diagnóstico.

Francisco George
franciscogeorge@icloud.pt