Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 4 setembro 2024
Férias terminadas, é tempo para retomar as crónicas de quarta-feira.
Irei tentar elucidar algumas noções principais sobre CANCRO, recorrendo para tal a conceitos básicos que serão desenvolvidos com a clareza que conseguir, uma vez que o texto é destinado a todas as pessoas, independentemente da respetiva formação.
Começo pela biologia e terminarei pelos tratamentos inovadores.
Como se sabe, os órgãos do corpo humano são formados por tecidos que integram células que têm características específicas para cada órgão. Por outras palavras, as células do fígado são distintivas do fígado, tal como as células do pâncreas são próprias do pâncreas e diferentes de todas as outras. Isto é, cada órgão tem um tecido composto pelo conjunto das suas células que são inconfundíveis quando observadas ao microscópio.
A célula é uma pequena massa (citoplasma), de dimensão microscópica, envolvida por uma membrana e com um núcleo (imaginemos uma pequeníssima cereja apenas visível ao microscópio).
As células têm vida própria, traduzida pela atividade energética e pela divisão. Em regra, como norma, uma célula divide-se ao meio e dá origem a duas iguais que por sua vez também se dividem (e assim por diante) para garantir a substituição das células que, entretanto, morreram.
Ora, o tumor (ou neoplasia) resulta da multiplicação desordenada das células de um dado órgão. Este processo, denominado por oncogénese, tem duração muito variável, mas, em regra, é lenta, podendo levar anos a dar origem a uma massa visível (tumor).
Antes de tudo, considero oportuno clarificar o significado de tumor: designação médica que resulta do crescimento de um tecido em consequência da divisão descontrolada das células que pode assumir a forma benigna ou maligna. Na primeira situação a localização é circunscrita e não dá origem a metástases.
São muitas as explicações que estão na origem de tumores (causas da multiplicação desordenada das células). A este propósito realço que, cerca de 10% dessas causas são hereditárias, mas que estão confirmadas muitas outras: riscos relacionados com os estilos de vida, com a obesidade, mas também com o ambiente, bem como em consequência da exposição a determinados agentes físicos, químicos ou vivos.
Em relação a estes últimos agentes, está, cientificamente, demonstrada a capacidade oncogénica de certas inflamações provocadas quer por vírus (como o vírus do papiloma humano ou da hepatite B), quer por bactérias (Helicobacter pylori) ou por parasitas (bilharzíase).
Como já vimos, os tumores podem ser benignos ou malignos. Mas, apenas estes últimos são, comumente, designados como CANCRO (cancer em inglês e em português do Brasil).
(continua)
Francisco George
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