Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 18 setembro 2024
Precisamente dentro de um mês terá lugar, em Coimbra, o “Encontro para o Envelhecimento Protegido” organizado pela Sociedade Portuguesa de Saúde Pública.
É sabido que o envelhecimento da população é uma mudança real. Todos reconhecerão que não é um fenómeno súbito. Bem pelo contrário, é um processo progressivo e imparável que foi desde há muito tempo antecipado. Ano após ano, há cada vez menos crianças e cada vez mais idosos, em termos proporcionais, no conjunto de todas as pessoas que residem em Portugal.
Hoje, os habitantes com idades de 65 e mais anos são cerca de 2 milhões e meio, o que representa quase 25% da população total. Por outras palavras, um em cada quatro residentes é considerado cronologicamente como “idoso”, mas apenas por ter nascido antes de 1959. Porém, esta não é a maneira correta de analisar a questão porque o envelhecimento não coincide com a idade assinalada pela data de nascimento. O envelhecimento é uma sequência de alterações biológicas influenciadas por múltiplos fatores (ambientais, comportamentos, etc).
Está comprovado que o tempo que cada um de nós tem para viver não foi predestinado à nascença. São muitos os determinantes sociais que influenciam o estado de saúde em cada etapa do ciclo de vida. A este propósito, realço que dois irmãos gémeos idênticos (portanto, com o mesmo ADN) se forem separados e crescerem em ambientes diferentes deixarão de ser semelhantes: um poderá ser velho aos 65 anos e o outro ser ativo aos 85 anos…
Por isso, faz todo o sentido planear e implementar ações capazes de elevarem e conservarem a nossa saúde. Nessa perspetiva, não ignorando a importância da opção por estilos de vida saudáveis, as vacinas possibilitam maior longevidade e mais qualidade de vida. Essas medidas começam logo no próprio dia do nascimento com a vacinação contra a hepatite B, mas prolongar-se-ão ao longo das idades adultas e estendem-se, necessariamente, par além dos 85 anos.
Atualmente, há novas vacinas, obtidas em resultado dos avanços tecnológicos e científicos, que adiam o final da vida, visto que evitam determinadas doenças através da imunização protetora contra infeções quer de natureza bacterianas quer viral.
Sublinho que já estamos na era do ENVELHECIMENTO PROTEGIDO.
Em pessoas mais idosas as complicações graves da gripe podem ser reduzidas pela vacina de alta dose. E, igualmente, a proteção em relação a outras infeções respiratórias, tanto provocadas pelo pneumococo como pelo vírus sincicial respiratório, é uma realidade. Também a zona (herpes zoster) dispõe de vacina eficaz.
Os custos serão compensados pela redução da hospitalização, de cuidados intensivos e de medicamentos. Lógico!
Francisco George
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