A Era dos Antibióticos (V)

Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 26 julho 2023

Em quatro capítulos anteriores tentou-se esclarecer o preocupante problema que a crescente ineficácia de alguns antibióticos e outros antimicrobianos representa atualmente.

Essa ineficácia é devida ao aparecimento de resistências das bactérias, vírus, protozoários e dos fungos aos respetivos medicamentos que, assim, deixam de ter efeito terapêutico. A dimensão que assume à escala global constitui um dos principais desafios em Saúde Pública. Uma pandemia.

Esta situação, se não for rapidamente controlada, poderá fazer regressar a ERA ATUAL até aos anos antes de 1941, altura do lançamento no mercado mundial da penicilina como primeiro antibiótico. Isto é, voltar-se-ia à época anterior aos antibióticos, onde as infeções não tinham tratamento eficaz (seria de novo o tempo antigo da Medicina sem antimicrobianos).

O assunto, compreende-se, é muito sério e exige a mobilização de todos. Mas, mesmo todos, sem qualquer exceção, a começar pelos titulares dos órgãos de soberania que têm que assumir as respetivas responsabilidades na adoção de medidas de controlo. Deles, espera-se ação. Determinação. Firmeza. Vigor.

Por exemplo, durante as audiências de quinta-feira do PM em Belém, o Presidente poderia pedir o ponto da situação sobre o assunto, até porque todos os chefes de Estado estarão envolvidos no tema agendado para a Assembleia Geral das Nações Unidas de 2024.

Os deputados ocupam-se da legislação sobre o tema e em fiscalizar a condução dos programas governamentais.

O ministro da Educação nas escolas de todos os níveis de ensino introduz programas pedagógicos adequados, naturalmente, à idade das crianças, dos adolescentes e dos jovens.

O Ministério Pública também deve estar atento ao, eventual, não cumprimento das leis destinadas à preservação dos antimicrobianos.

No fundo, o importante é proteger antibióticos e antimicrobianos. Por todos os meios. Só devem ser utilizados quando são mesmo necessários e apenas por prescrição médica ou de médicos veterinários.

Quer para tratar doenças das pessoas ou dos animais a indisciplina no uso de antimicrobianos favorece o contacto destes com os micróbios patogénicos e, assim, proporciona a indução de resistências que geneticamente são transmitidas a futuras gerações desses mesmos micróbios (transmissão que não teria lugar se os antimicrobianos não tivessem sido utilizados abusivamente).

PS: O autor das crónicas de quarta-feira estará de férias em Agosto, motivo pelo qual só voltará às páginas do DN a partir do dia 6 de Setembro. Durante esses dias irá, alternadamente, para as Azenhas do Mar e para Vila Real de Santo António. O microclima das Azenhas funciona como um imenso ar condicionado natural, visto que aí raramente faz calor. É um ambiente próprio para leituras e passeios refrescantes. No Algarve, terá sempre em atenção os riscos de exposição aos raios solares e não ir à praia entre as 12 e as 16 horas. Usará chapéu com abas largas, óculos escuros, T shirt e protetores solares.

Para além de estar com a família, encontrar-se-á com amigos em jantares já, aliás, aprazados e com mesas reservadas nos restaurantes habituais. Então, terão lugar discussões e trocas de pontos de vista sobre livros e filmes. A Guerra, a Paz e as crises políticas na Europa e em Portugal não escaparão às conversas. O desempenho dos diferentes governantes será, também, revisto.

Francisco George
franciscogeorge@icloud.com