Opinião Pessoal (II)

Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 20 dezembro 2023

Retomo o tema da crise climática, uma vez que constitui um dos principais desafios para todos nós. A vida dos nossos filhos e netos dependerá daquilo que agora decidimos e, sobretudo, do que faremos para evitar a subida da temperatura além de 1.5 °C, em comparação com a era pré-industrial.

Como já mencionei, a questão do aquecimento global está relacionada com a emissão de gases com efeito de estufa provocada pela combustão de carvão, petróleo ou de gás.

Ora, o efeito de estufa traduz-se pela retenção do calor terrestre que é impedido de se dissipar devido à ação desses gases (dióxido de carbono e metano) que têm repercussões diretas no aquecimento do Planeta. Esse efeito, é assim chamado, porque faz lembrar as estufas de vidro dos jardins que são concebidas para aquecerem a temperatura interior porque as vidraças impedem a dispersão do calor originado pela irradiação solar. O calor é, assim, retido na estufa como sucede no Planeta…

A emissão artificial desses gases iniciou-se com a Revolução Industrial devido à entrada em funcionamento de múltiplos tipos de unidades fabris, explorações pecuárias e, ainda, do desenvolvimento de transportes rodoviários, aéreos ou marítimos que utilizam como energia a combustão de carvão, petróleo e gás natural.

Em Portugal, a emissão desses gases poluentes teve início no tempo da Regeneração em consequência do começo da atividade industrial e das ferrovias para o transporte de mercadorias e de pessoas, com base no uso do carvão como principal combustível.

Já as explorações de agropecuária têm responsabilidades pela libertação de gás metano. Sublinhe-se que os ruminantes são fonte principal da produção de metano, uma vez que é libertado durante o processo digestivo nos animais dessas explorações, especialmente bovinos.

Estas razões explicam o recente acordo unânime, tomado por 197 países reunidos no Dubai (COP28), sobre a transição gradual sem combustíveis fósseis até 2050. Portugal comprometeu-se a alcançar a neutralidade carbónica até 2045.

Decisão histórica que estará para sempre ligada à luta que Guterres conduziu na ONU. Mas, o seu sucesso exige ação daqui em diante.

(o tema continua na quarta-feira)

Francisco George
franciscogeorge@icloud.com