Opinião Pessoal (VIII)

Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 31 janeiro 2024

Sobre as eleições de 10 de Março já aqui escrevi que a minha escolha resultará da apreciação que eu mesmo irei fazer até ao momento antes de colocar na urna o boletim de voto. A decisão decorrerá do conteúdo do Programa Eleitoral, sobretudo para a Saúde e da minha análise sobre o perfil de cada candidato às eleições para aplicar as propostas anunciadas. Claro que neste processo, o pretendente a primeiro-ministro assume o peso principal.

Já aqui manifestei a minha opinião em considerar que votar é quase um dever para quem tem mais de 18 anos de idade. Por conseguinte, nas semanas que nos separam até 10 de Março há tempo para refletir, desde já, nas ideias e nas políticas públicas que cada Partido pretende desenvolver. Mas, é essencial que os programas sejam realistas na perspetiva de poderem ser realizados.

Por outras palavras, é preciso distinguir se determinado discurso político traduz ideias exequíveis ou se, pelo contrário, são demagógicas.

A esse propósito e a título de mero exemplo, relembro que John Kennedy, em 1961, proferiu o célebre discurso a prometer a ida do homem à Lua até 1970. Muitos julgaram que era uma promessa trapaceira e até impossível de realizar. Porém, como se sabe, foi cumprida e antes do tempo previsto.

Imaginemos, agora, passados 55 anos dos inesquecíveis passos de Neil Armstrong na superfície lunar, que em Portugal surge um candidato a prometer a “Lua”, traduzida em 2000 euros mensais de pensão mínima para todos, se ganhar as eleições …

Não gosto de demagogias, sublinho.

Para mim, o contrato social para a Saúde ocupa atenção principal. A opção em quem votar impõe a garantia do funcionamento regular do Serviço Nacional de Saúde que possibilite o acesso, em condições de igualdade, a pobres ou ricos, a portugueses ou estrangeiros ou imigrantes. Para tal, as reformas terão que ser implementadas em diálogo com os respetivos representantes de sindicatos e ordens profissionais, na certeza que as carreiras têm que ser atrativas em todos os planos, incluindo os regimes de remuneração. Há que investir mais em saúde mental e nos serviços de saúde pública, dando primazia à prevenção das doenças e promoção da saúde. Revitalizar a capacidade tecnológica do SNS e clarificar a relação com o setor privado são aspetos prioritários.

(continua)

Francisco George
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