Expressão Pandémica da Epidemia

(Artigo de opinião publicado no Expresso online de 24 de fevereiro de 2020).

Antes do final de 2019 foi identificada em Wuhan, na China, a emergência de nova doença respiratória grave com expressão epidémica.

Em pouco tempo, sem atrasos, foi compreendida a sua natureza viral e conseguida a sequenciação do material genético de Novo Coronavírus. As pesquisas então realizadas logo associaram o novo agente a morcegos (reservatório do vírus) e confirmaram a transmissão zoonótica a seres humanos a partir de animais silvestres (hospedeiros), utilizados para alimentação e vendidos em mercados de rua (como acontece com pangolins).

Há que reconhecer a oportunidade das medidas enérgicas tomadas pelas Autoridades Chinesas, se bem que, por vezes, exageradas e, também, ao que parece, sem grande observação por direitos humanos essenciais. Multiplicaram-se os cordões sanitários, isolamento de cidades, quarentenas e tratamentos obrigatórios a muitos milhares de doentes suspeitos.

Instalou-se, logo depois, grande tensão alarmista a nível mundial.

Muito seguramente aquelas medidas, apesar de drásticas, terão sido eficazes para conter localmente a epidemia e ganhar tempo para a preparação de vacinas e tratamentos específicos. Terão atrasado a propagação da epidemia e a sua expressão pandémica.

Este intervalo de tempo, ganho com tanto sofrimento do Povo da China, foi aproveitado para afinar planos de contingência nacionais e mobilizar recursos.

Afinal, todos sabiam que os vírus não respeitam fronteiras …

A instalação de cadeias de transmissão do Novo Coronavírus em Itália é, em grande parte, um fenómeno que traduz um risco que nunca foi zero. Um risco que nunca foi zero, sublinhe-se.

Agora, com ou sem declaração formal da Organização Mundial da Saúde, confirma-se a Pandemia, atendendo à sua definição técnica precisa, que traduz a propagação da epidemia, simultaneamente, a mais do que um Continente.

Sem medos desnecessários, todos os portugueses deverão estar informados diariamente através de fontes oficiais ou a partir de órgãos de Comunicação  Social de qualidade e de referência. A este propósito há que distinguir a boa da falsa informação e, por isso, ter em atenção a fragilidade de informações tantas vezes veiculadas por certas redes sociais e sites da internet.

Agora, mais do que tudo, é tempo para Verdade, Transparência e Confiança.

Francisco George
Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa