Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 11 maio 2022
Qual é a principal ambição de cada cidadã ou cidadão? Qual a maior das ambições? Qual será a principal pretensão? Qual é o desejo sempre presente no pensamento?
A grande maioria responderia: ter uma vida longa, próspera e com qualidade!
Ora, prolongar a vida, levar o mais possível para diante o seu final e manter a autonomia, produtividade e a saúde, constituem aspirações naturais e inteligentes. Sem dúvida. Diferir o fim de viver é uma justa cobiça. É bom que assim aconteça.
Porém, para tal, será preciso participar ativamente. Será preciso estar informado para adquirir mais conhecimentos a fim de permitir fazer opções a favor da própria saúde.
É nesse contexto que se desenvolve a promoção da literacia para a saúde, para todos em geral, mas com foco nos agregados familiares mais vulneráveis.
Há a realçar que estão comprovados, cientificamente, os estilos de vida e os comportamentos que mais influência exercem e que mais favorecerem a conservação da vida saudável e, portanto, que adiam o seu final.
A concretização daquela grande ambição poderá ser conquistada através da observação dos seguintes princípios:
- Participar no processo de gestão da própria saúde e, quando necessário, na prevenção e terapêutica de doenças, agudas ou crónicas, em função dos conhecimentos adquiridos pela informação (a diabetes é um excelente exemplo, visto que o seu tratamento permanente exige a participação do doente);
- Praticar exercício físico regular, em todas as etapas da vida, sob qualquer forma, desde a ginástica à dança, ao andar de bicicleta ou às caminhadas;
- Assegurar uma alimentação saudável, equilibrada de acordo com a idade e com as calorias necessárias (vigiar o índice de massa corporal), mas, reduzir ao mínimo a ingestão de açúcares e de sal (substituir a sobremesa doce por fruta e o sal por ervas aromáticas, como o cebolinho, por exemplo);
- Moderar o consumo de álcool, tendo em atenção a graduação da bebida em causa (1 garrafa de cerveja 330 ml = 1 copo de vinho = 12 gramas de álcool puro);
- Eliminar a exposição ao fumo de tabaco quer por parte de quem fuma quer dos fumadores passivos que inalam o fumo dos cigarros de terceiros.
As regras de bom comportamento individual, acima enumeradas, devem ser complementadas, no plano do Estado, por:
- Benefícios fiscais com normas de concessão de prestações sociais justas, bem geridas, no quadro das políticas públicas para a solidariedade, na perspetiva da redução das desigualdades e iniquidades;
- Acessibilidade fácil aos serviços de saúde, sem barreiras burocráticas, designadamente às unidades do Serviço Nacional de Saúde (incluindo prevenção primária e secundária);
- Melhor qualidade ambiental em meio urbano e rural, nomeadamente com menos utilização de combustíveis fósseis.
No Portugal de agora, devem os órgãos de soberania tudo fazer para a formulação e implementação de medidas legislativas e políticas no sentido da obtenção de resultados convergentes para a redução da mortalidade prematura (morte antes dos 70 anos).
Deveria ser natural que todas as pessoas tivessem a mesma oportunidade para poderem festejar, pelo menos, 70 anos de idade. Que não ficassem para trás devido a um cancro diagnosticado tardiamente ou a um enfarte do coração em doente hipertenso mal compensado?
Afinal, a democracia deve garantir igualdade de oportunidades!
Francisco George
franciscogeorge@icloud.com