Saúde Oral (II)

Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 29 novembro 2023

Os 7 Conselhos Principais

Como primeiro conselho, já aqui foi realçada a importância da higiene oral com utilização criteriosa de escova e pasta dentífrica adequadas à idade, a partir da infância, para evitar a cárie, tanto dos 20 dentes de leite como dos 32 da dentição definitiva.

Continuam, hoje, as recomendações sob a forma de conselhos. São aparentemente simples, mas baseadas em estudos científicos.

Segundo conselho:  é necessário visitar periódica e regularmente o médico dentista, mesmo na ausência de dores ou outros sintomas, na perspetiva da prevenção de problemas da boca e dos dentes. É um aviso preventivo que deverá ser observado ao longo do percurso de vida. Aquilo que o médico dentista disser deve ser tido como prioridade. As suas opiniões para promoção da saúde ou prevenção de doenças orais são sempre sabedoras. Inquestionáveis. Por outras palavras, devem ser consideradas como se fossem regras para serem cumpridas sem desvalorização.

Terceiro conselho: é preciso saber que os problemas orais não se limitam aos dentes (cárie dentária), uma vez que podem existir doenças nas gengivas, na língua ou nas mucosas que carecem de diagnóstico e de tratamento especializado.

Quarto conselho: há que ter em atenção o eventual aparecimento de sintomas ou sinais como dores, feridas (úlceras), manchas, inchaços ou hemorragias que persistam mais de duas semanas. Nestas situações, impõe-se a antecipação da consulta com o médico dentista, a fim de diagnosticar a natureza do problema. Saliente-se que o tratamento do cancro oral, que é mais frequente do que se pensa, beneficia da precocidade do diagnóstico, à semelhança de qualquer outra doença oncológica. A este propósito, note-se que está cientificamente estabelecida a relação causa-efeito entre o fumo de tabaco e o aumento da probabilidade de surgir cancro oral. Fumar é, assim, um fator de risco.

Quinto conselho: é possível, também, evitar os traumatismos da boca através do uso de proteção durante algumas das atividades mais perigosas, nomeadamente motociclo, skate, trotinetas, etc.

Sexto conselho: como a fermentação do açúcar está na génese da cárie dentária há que tomar as devidas precauções em termos de autocuidados profiláticos. Escovar os dentes com uma pasta contendo flúor, pelo menos duas vezes por dia (depois do pequeno almoço e ao deitar), é absolutamente indispensável. Não se deve comer alimentos açucarados ou beber refrigerantes nos intervalos das refeições. Repare-se que um simples refrigerante tem 35 gramas de açúcar (o equivalente a cinco pacotes de açúcar).

Sétimo conselho: a aplicação tópica de fluor é altamente benéfica para prevenir a cárie dentária, uma vez que contraria a produção de acidez, impedindo a desmineralização e favorecendo a remineralização dentária. No entanto, a exposição ao excesso de fluor até aos 4 anos de idade pode provocar fluorose dentária (manchas descoloridas nos dentes).

Conclusão: A cárie dentária é uma doença crónica de elevada prevalência, apesar de poder ser evitada através de cuidados de higiene oral. A alegria das pessoas, traduzida pelo sorriso, assim o exige. Mas, também a saúde. Não é apenas uma questão de estética. Está, pela certa, dependente do acesso aos cuidados de medicina dentária. Sem desigualdades. Sem iniquidades. Se assim acontecer, constrói-se mais Democracia.

Francisco George
franciscogeorge@icloud.com