Opinião Pessoal (XVI)

Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 27 março 2024

A partir de 1940, a introdução no mercado farmacêutico da Penicilina marcou a diferença com os antigos tratamentos para a sífilis (como o Salvarsan). O novo antibiótico foi muito eficaz para tratar e curar a infeção, sem efeitos secundários. O seu agente bacteriano (Treponema pallidum) ainda hoje é sensível à penicilina. Por esta razão, compreende-se que todos os doentes devam ser diagnosticados precocemente para, logo depois, sem esperas, cumprirem o tratamento médico a fim de ficarem curados. Sublinho, que a penicilina cura a sífilis. Assim sendo, a propagação em cadeias de transmissão deixa de acontecer. Para tal, é indispensável que a terapêutica antibiótica seja, rapidamente, administrada a todos os parceiros, mesmo a todas as pessoas que mantêm ou tiveram relações sexuais sem preservativo nos últimos três meses.

O motivo desta regra é simples de perceber.

Preciso.

A bactéria da sífilis é adquirida por qualquer pessoa durante o contacto sexual direto com outra pessoa que tenha lesões infetadas (pequenas feridas ou úlceras nas mucosas). Essa transmissão pode ocorrer em consequência de relações sexuais vaginais, anais ou orais. Aliás, pode até suceder que o portador da doença ignore a sua condição de estar infetado pela sífilis devido à frequente ausência de sintomas e de sinais. Nada sente e nada vê de anormal. Mas, mesmo assim, pode transmitir a infeção a outra pessoa, anteriormente saudável, que ficará com sífilis, por sua vez também contagiosa a seguir ao período de incubação (entre 10 dias e 3 meses, sendo em média de 3 semanas). Nesta situação, se não tomar medidas de precaução, começará a propagar a sífilis durante relações sexuais seguintes. Habitualmente, nem sequer se apercebe dessa infeção porque as manifestações clínicas são ligeiras (por isso, muitas vezes, passam despercebidas).

Este é o grande problema!

Atualmente, em termos de senso comum, a prevenção da sífilis e a organização de cuidados para controlar a sua propagação impõem medidas ponderadas que devem ser observadas pelas pessoas com atividade sexual: 1 Uso sistemático de preservativo durante todas relações casuais, sem exceções; 2 Depois de relações sexuais sem proteção, em particular no cenário de múltiplos parceiros, essa pessoa deverá fazer um teste passadas três semanas e repetir aos três meses; 3 Quando o teste indicar que a infeção foi adquirida terá que procurar, imediatamente, o médico para confirmação e prescrição da terapêutica; 4 O mesmo tratamento será indicado para todos as pessoas com quem mantém ou manteve relações sexuais nos últimos três meses; 5 Se for mulher em idade fértil terá de fazer um teste de gravidez e, se o resultado for positivo, procurar uma consulta de vigilância pré-natal; 6 Ter confiança e tranquilidade, visto que há a certeza que a infeção sifilítica é curável, desde que seja diagnosticada e tratada por um médico.

(continua)

Francisco George
franciscogeorge@icloud.com