Opinião Pessoal (XXVI)

Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 5 junho 2024

Na primeira crónica do mês que marca a época do Verão, pareceu-me que faria sentido formular recomendações que visam promover a saúde e prevenir doenças na perspetiva da redução dos riscos decorrentes do clima quente e soalheiro que, no nosso país, irá prevalecer nas próximas semanas. Constituem, assim, temas que interessam à Saúde Pública.

Nessa ótica, enumero alguns aspetos preventivos a ter em conta para o calor e veraneio.

Preciso os principais:

1. Antes de tudo é preciso estar atento às recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS) e dos serviços de meteorologia (IPMA), uma vez que emitem alertas para situações que antecipam e que, por isso, devem ser rigorosamente observados.

Habitualmente, nos dias de sol, são sempre oportunos os conselhos para as pessoas utilizarem chapéu de abas largas, óculos escuros e vestirem roupa fresca de tipo T-shirt de preferência de algodão (sem fibras sintéticas).

O mais importante é evitar a exposição ao sol quer na praia quer no campo.

Sabe-se, confirmadamente, que os efeitos tardios de “escaldões” estão da origem de cancros da pele que ocorrem anos depois (daí a importância do uso sistemático de camisas e protetores solares).

A exposição não protegida aos raios solares (radiação ultravioleta) tem uma relação causa-efeito com o melanoma maligno que é o mais grave dos cancros cutâneos. O melanoma é consequência de alterações do genoma (ADN) das células produtoras de melanina (responsáveis pela pigmentação da pele). Como se compreende, o diagnóstico precoce é essencial na perspetiva do tratamento ser realizado na  fase inicial, antes das respetivas metástases atingirem outros órgãos. Razão pela qual é preciso ter em atenção o aparecimento de novos sinais na pele ou a modificação dos que já existiam. Os sinais podem ser manchas (pintas) ou nódulos. Se bem que os mais frequentes sejam benignos, há que procurar a consulta do dermatologista se apresentarem cor escura (com tonalidades e cores diferentes), com bordos irregulares e com dimensão superior a seis milímetros.

2. Os banhos de mar ou em piscinas devem ser evitados, pelo menos, entre as 12H30 e as 15H30, a fim de fugir às horas mais perigosas dos raios do Sol. Estou certo que seria um belo exemplo se as piscinas públicas municipais fechassem ou proibissem banhos durante aquelas horas. Isso seria uma forte medida educativa, em termos de literacia para a saúde (prevenção de riscos).

3. Os afogamentos nas praias marítimas, nos rios ou em piscinas (atenção especial a crianças) constituem problemas dramáticos que exigem mais atenção. É preciso ter o maior cuidado e seguir as orientações dos nadadores-salvadores.

Ainda sobre crianças: quando eu era delegado de saúde, lembro-me de um episódio de dois gémeos com 10 meses de idade estarem a tomar banho numa pequena piscina insuflável e de um deles ter morrido afogado quando a mãe se afastou momentaneamente para ir abrir a porta ao ter ouvido a campainha tocar. O drama aconteceu em instantes.

4. Os banhistas nas praias, para além da picada pelo peixe-aranha, podem sofrer queimadura e outras lesões na pele provocadas pelo contato direto com caravelas-portuguesas. Em qualquer das situações, é necessário seguir os conselhos das autoridades marítimas e telefonar de imediato para a LINHA ANTIVENENO através do número 800 250 250 (no caso de esquecimento do número, há que procurar socorro pelo 112).

Francisco George
franciscogeorge@icloud.com