Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 12 junho 2024
Agora, 80 anos passados do Desembarque, estando eu assolado por notícias preocupantes sobre as guerras na Europa e no Médio Oriente, resolvi resumir o caminho que aqui nos trouxe, a partir dos horrores que aconteceram durante a II Guerra Mundial, entre 1939 e 1945.
Como eu e o meu irmão gémeo (idêntico) nascemos dois anos depois, compreende-se que o tema da Guerra tenha sido motivo de frequentes conversas em nossa casa a propósito de questões associadas a assuntos políticos ou militares. Meu Pai era filho e neto de ingleses e, por isso, viveu com elevada emoção aquele tempo de Guerra. Costumava relatar todos os detalhes das diferentes etapas da Guerra para nos explicar a importância que teve para todos nós a derrota da Alemanha. Dizia-nos que na altura costumava acompanhar as emissões da BBC e que frequentava o pequeno teatro no “quarteirão inglês”, à Estrela, para ver os documentários filmados sobre o BLITZ que aí eram regularmente projetados. Não escondia a sua preferência por Montgomery, Winston Churchill e Clement Attlee. Já perto da Vitória dos Aliados, enaltecia o êxito do marechal Zhukov que fez capitular Hitler, em Berlim, no final de Abril de 1945. Descrevia-nos o conceito de heroísmo dos soldados Aliados e dos partisans franceses na perspetiva da Libertação das nações. Nunca mais esquecemos os seus ensinamentos.
Por outro lado, a decisão tomada pelo Presidente Truman dos EUA em lançar bombas atómicas para conseguir precipitar a rendição do Japão foi sempre muito criticada. Como se sabe, primeiro, em Hiroshima, a 6 de Agosto (bomba de urânio) e três dias depois uma outra explosão atómica à base de plutónio, em Nagasaki, provocaram instantaneamente 120 mil mortes, sem contar com os efeitos radioativos que durante semanas, meses e anos atingiram muitos milhares de pessoas. Um imenso pavor.
Os cenários de hoje, 80 anos depois da Normandia, representam novas ameaças. Mas, de dimensão global, sublinho.
Preciso.
Nos últimos dois anos, incessantes disputas belicistas constituem motivo de inquietação, uma vez que os armamentos atuais estão preparados para lançarem (por terra, mar e ar) inúmeras ogivas nucleares. Confirmadamente. Há que equacione a possibilidade de eclodir uma III Guerra Mundial. Os conflitos entre a Rússia e a Ucrânia ou entre Israel e as populações da Palestina (e do Irão) poderão servir de ignição para tal.
Na minha opinião, baseada só em presunções, os Portugueses não gostam de conflitos armados. Tanto mais que uma nova Guerra da Europa conduziria a uma devastação inimaginável, atendendo ao imenso poder de destruição massiva das armas atómicas existentes, muito mais poderosas do que as explosões de 1945.
Devem ser um alerta não só para todos os povos europeus como, também, a nível mundial, em termos de sobrevivência coletiva para “os dois lados”.
Estou em crer que há ainda tempo para serem aproximadas soluções imediatas na perspetiva da Paz.
É preciso substituir armas por acordos. É preciso impedir a destruição do Planeta e de quem o habita, uma vez que explosões nucleares poderão, em pouco tempo, tudo e todos destruir.
Mais do que nunca, estou convencido que seriam necessários outros líderes mundiais, mas com a dimensão de António Guterres. Diria, desde já, em Moscovo, Kiev, Washington, Telavive, Gaza, Teerão, Berlim, Paris e Bruxelas.
Francisco George
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