Diabetes (capítulo III)

Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 8 novembro 2023

Continuam, hoje, alguns esclarecimentos sobre a diabetes mellitus. Já se referiu que a diabetes tipo 2 tem uma expressão familiar e que está relacionada com a falha da insulina que deixa de ser segregada com normalidade pelas células dos ilhéus do pâncreas. Ora, como essa falta de insulina é relativa (isto é, não é total), importa tudo tentar para que seja “poupada”, em particular pelas pessoas que têm mais probabilidade de terem diabetes, nomeadamente as que têm familiares com diabetes (pais, tios, avós). Essa poupança deverá ter como princípio básico a redução do açúcar da alimentação, a fim da sua presença no sangue não estimular a produção de mais insulina. Sublinhe-se que os teores altos de açúcar no sangue (hiperglicemia) vão influenciar a estimulação de mais produção de insulina na perspetiva de baixar os níveis de glicémia.

Repare-se na fórmula fisiológica do metabolismo dos açúcares (hidratos de carbono): quanto menos açúcar existir no sangue, menos será a insulina necessária; mais açúcar no sangue exigirá mais insulina.

A obesidade é igualmente um fator de risco. É aqui que contam os comportamentos e estilos de vida. Há que ter em atenção a quantidade e qualidade dos alimentos. O excesso de calorias ingeridas prejudica a saúde. Os primeiros sinais são o aumento de peso refletido no índice de massa corporal que traduz a corpulência (relação da estatura e peso). É preciso evitar chegar à obesidade. Para isso, há que planear as refeições com menos calorias e fazer mais atividade física.

Apesar de nem sempre ser fácil ler os rótulos com as indicações da composição dos alimentos, há que ter em atenção as quantidades de calorias e de açúcar indicadas nas respetivas embalagens. A título de exemplo, realce-se que um simples refrigerante de 33 cl da marca americana mais conhecida de cola original, corresponde a 7 pacotes de açúcar ingeridos com uma só bebida (admitido que cada pacote tem 5 gramas).

Quais são os primeiros sintomas ou sinais que sugerem o começo da diabetes?

Em regra, a diabetes tipo 2 surge em pessoa adulta (ao contrário do tipo 1 que é tida, principalmente, como juvenil). O quadro clínico inicial traduz-se pela frequência em urinar e em sensação de sede. É habitual começar com perda brusca de peso.

Nestas circunstâncias há que procurar o médico de família para confirmar o diagnóstico. As análises laboratoriais ao sangue e à urina irão exibir níveis altos da glicémia e a presença de açúcar na urina (glicosúria).

A seguir terá que ser a própria pessoa com diabetes a cumprir a terapêutica seguindo os conselhos e recomendações do médico e do enfermeiro para equilibrar os níveis de glicémia em função da alimentação e do exercício físico.

Conclusão:

Eis as principais lições para preservar a saúde, incluindo no plano da moralidade social: é preciso observar comportamentos saudáveis na vida rotineira do dia a dia. O desígnio é fazer com que a vida de cada e de todas as pessoas seja menos curta. Este é um objetivo atingível para quem gosta de viver. A mudança é sempre praticável. Para tal, há que acreditar que é possível evitar a diabetes. Neste sentido, a receita mágica é comer com equilíbrio e fazer exercício físico. Por exemplo, preferir a mobilidade urbana recorrendo à bicicleta que, também, reduz a emissão de gases poluentes que é um imperativo moral para todos.

Francisco George
franciscogeorge@icloud.com